Oficina Brincar Proprioceptivo

Em um mundo cada vez mais acelerado, o brincar nos convida a voltar ao corpo, ao tempo presente e à escuta. A oficina Brincar Proprioceptivo nasceu como parte da minha pesquisa de mestrado em Arquitetura de Interiores na Holanda, e tem como objetivo explorar o potencial do brincar como ferramenta de criação, escuta e imaginação coletiva.

No dia 21 de abril, durante o World Creative Day, tive a alegria de conduzir a oficina Brincar Proprioceptivo em São José do Rio Preto. O evento reuniu iniciativas criativas em mais de 100 cidades ao redor do mundo — e a nossa oficina foi uma dessas sementes de imaginação coletiva plantadas no chão da cidade.

Muitas famílias participaram. E o que mais me chamou a atenção foi a forma como as crianças se conectaram profundamente com os brinquedos de construção. Em meio ao barulho do evento e ao vai e vem das pessoas, elas mergulharam em blocos, peças e formas, construindo a escola dos nossos sonhos com concentração e prazer genuíno.

Mas o que essa oficina propõe, afinal?

Um espaço para o corpo e a memória

A proposta parte de um princípio simples: o corpo sabe.
Mais do que conceitos, ele carrega experiências, afetos, lembranças — e brincar é uma forma legítima de acessar tudo isso.

Na oficina, adultos e jovens são convidados a brincar com brinquedos infantis, resgatando suas próprias memórias de infância. Através de gestos simples, objetos lúdicos e um espaço seguro, o brincar passa a ser linguagem projetual: uma forma de pensar com as mãos, com o corpo e com as histórias que carregamos.

Como funciona a oficina?

A atividade se organiza em algumas etapas essenciais:

  1. Círculo inicial e partilha
    Os participantes se sentam em roda e recebem um hexágono branco onde escrevem uma lembrança feliz da infância.
  2. Escolha de imagens atmosféricas
    A partir da memória escrita, cada um escolhe imagens que remetem às sensações dessa lembrança (formas, texturas, cores, elementos da natureza...).
  3. Criação de um “mapa emocional”
    Os hexágonos são conectados no chão, formando um tipo de planta-baixa simbólica da “escola ideal” — construída a partir da infância de cada um.
  4. Construção de maquetes
    Usando brinquedos infantis (como blocos, peças de montar e miniaturas), os participantes constroem em escala espaços que representem suas ideias, desejos e necessidades para um novo modelo de escola.
  5. Apresentação e conversa final
    Cada pessoa compartilha o que criou, e o grupo reflete sobre as conexões emergentes — entre as ideias, os afetos e os espaços possíveis.

Por que brinquedos?

Os brinquedos infantis são acessíveis, despretensiosos e ativam camadas profundas de imaginação. Eles libertam o pensamento do técnico e permitem que a criação aconteça de forma mais fluida, sensível e conectada com quem somos — não só como designers, mas como seres humanos. Mais do que uma maquete, o que se constrói durante a oficina é um espaço coletivo de escuta, onde cada pessoa é convidada a habitar a própria infância e a projetar futuros mais lúdicos e humanos.

Os brinquedos ativam memórias, quebram o gelo, libertam a imaginação e criam um campo comum entre adultos e crianças. Eles transformam o processo de projetar em algo acessível, leve — e, ao mesmo tempo, profundamente significativo. Durante a oficina no World Creative Day, o que se formou foi mais do que um espaço de criação: foi um espaço de escuta e cuidado, onde brincar virou linguagem, e cada maquete revelou um pouco da infância e do futuro que sonhamos.

Se você deseja levar essa experiência para sua escola, instituição ou cidade, entre em contato. Brincar Proprioceptivo é uma oficina portátil, adaptável a diferentes contextos e faixas etárias, e sempre acolhe novas formas de sonhar e criar em grupo.

Com carinho,
Caroline Mazaro